sexta-feira, 2 de março de 2012

PEÇA DE TEATRO: PAIXÃO DE CRISTO


CENA 1- ENTRADA TRIUNFAL DE JESUS EM JERUSALÉM

Narrador - Depois de tantos anos, a humanidade continua fascinada com a história de um homem simples, pobre, humilde, porém grande na coragem de amar e praticar a justiça. No meio de tanta ganância e exploração, ainda permanece firme a esperança e a solidariedade. Hoje, reunidos para fazer memória da Paixão de Jesus Cristo, queremos unir voz e alma para gritar ao mundo que somos a imagem do amor verdadeiro, capazes de construir uma sociedade que reconhece o bem comum e caminhe na fraternidade. Queremos servir a Deus na vida, aprendendo com Jesus. Jesus foi com seus discípulos para Jerusalém. Os judeus vinham de todas as partes, a fim de participar desta festa. Uma grande multidão também veio Jerusalém, porque ouviram dizer que Jesus se aproximava, e estes saíram ao seu encontro e o receberam com glórias e muita agitação, tomados de alegria, cantando e agitando ramos de palmeira. E por onde Ele passava estendiam os seus mantos no caminho. Pois acreditam ser ele o messias tão esperado. A cena mostra o povo entrando em Jerusalém gritando glória e acompanhando em procissão Jesus montado sob o Jumento, o povo abre caminho para Jesus e no caminho vão estendendo ramos verdes e panos (o lenço da cabeça).

Discípulos - (cantam) Hossana, hossana, ao Filho de David!  (bis)
                    Bendito o que vem em nome do Senhor.
                    É o Rei de Israel: Hossana nas alturas!
                    Hossana, hossana, ao Filho de David!  (bis)
                    Hossana, hossana. Hossana, hossana.
                    Hossana, hossana, ao Filho de David!

Multidão (03 pessoas do povo) - Mestre repreende os teus discípulos.

Jesus - Eu vos digo, se eles se calarem, as pedras gritarão. Ah! Se neste dia também tu Jerusalém conhecesses a mensagem de paz! Mas, isso está escondido a teus olhos. Pois dias virão sobre ti, e os teus inimigos te cercarão com trincheiras, te rodearão e te apertarão por todos os lados. Deitarão por terra a ti e a teus filhos no meio de ti, e não deixarão pedra sobre pedra, porque não reconheceste o tempo em que foste visitada!

 Jesus - (ao passar defronte ao templo Jesus avista vendedores e comerciantes e começa a expulsar os; e diz...) Saiam daqui... Saiam da casa de meu pai... Está escrito: Minha casa será uma casa de oração. Vós, porém, fizestes dela um covil de ladrões!

Jesus - (depois de ter expulsado os vendedores, Jesus ajoelha-se, ergue os olhos ao céu e diz...) Pai glorifica o Teu nome!

(ouve-se uma voz do céu – DEUS) Eu o glorifiquei e o glorificarei novamente.

Multidão (02 pessoas do povo) - Foi um anjo que lhe falou! (comentando em voz alta) Foi um trovão...

Jesus - Esta voz não ressoou para Mim, mas para vós. É agora o julgamento deste mundo, o príncipe deste mundo será lançado fora e, quando o Filho do Homem for elevado da terra atraíra todos a si!

Multidão - Sabemos pelas Leis que o Cristo permanecerá para sempre. Como é que dizes: É preciso que o Filho do Homem seja elevado? Quem é este Filho do Homem?

Jesus - Por pouco tempo a luz está entre vós. Caminhai enquanto tendes luz; Pois quem caminha no escuro não sabe para onde vai! Enquanto tendes luz, crede na Luz, para vos tornardes filhos da Luz.

CENA 02 – O LAVA PÉS


Narrador - (Os Apóstolos em Semicírculo com Jesus ao Centro em lugar de destaque.) Antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele que amara os seus que estavam no mundo, levou até ao extremo o seu amor por eles.

Jesus - (Em tom sofrido) Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na terra, não morrer fica só, mas se morrer dará muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem a perder, conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém quer servir-Me, que Me siga; e, onde Eu estiver aí estará também o Meu servidor. E se alguém Me servir Meu Pai há-de honrá-lo. Agora a Minha alma está perturbada. Pai, salva-me desta hora. Pai glorifica o teu nome. Vou lavar-vos os pés. A criada aproxima-se com um vaso de barro com agua e uma toalha, ficando em cena até ao fim do lava-pés.

Pedro - (tempestivo e inconformado) Senhor, tu vais lavar-me os pés?

Jesus - (serenamente) O que eu faço, tu não podes entendê-lo agora, mas há-de sabê-lo depois.

Pedro - Nunca me lavarás os pés.

Jesus - Pedro, se não te lavar os pés não terás parte comigo.

Pedro - Senhor, então lave não só os pés, mas também as mãos e a cabeça.

Jesus - (Tom grave) Aquele que está lavado, não necessita de lavar senão os pés, pois está todo limpo. Jesus, levantando-se, lava os pés de todos os discípulos. Pode ouvir-se uma música de fundo, suave.

Jesus - (sentado no seu lugar) Compreendeis o que vos fiz? (Os apóstolos se olham e alguns balançam a cabeça negativamente) Vós chamastes-Me Mestre e Senhor, e disseste bem, porque o sou. Ora, se Eu vos lavei os pés, sendo Senhor e Mestre, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, como Eu vos fiz, façais vós também. Em verdade vos digo: Não é o Servo maior que o seu Senhor. Pausa para ajustes no cenário para a encenação da Santa Ceia. Jesus também se reuniu com os seus discípulos num grande Cenáculo, para juntos comer a Ceia Pascal.

CENA 03 – A SANTA CEIA


Narrador – Jesus senta juntamente com seus apóstolos para ceia e comunicar algumas revelações. Pausa em que Jesus ergue para o alto os olhos, eleva e cálice e murmura a benção. Depois diz:

Jesus – Há muito tempo deseja comer esta pascoa convosco... Pausa em que Jesus ergue para o alto os olhos, eleva e cálice e murmura a benção. Depois diz:

Jesus - TOMAI TODOS E COMEI. ISTO É O MEU CORPO QUE SERÁ ENTREGUE POR VÓS. Todos se enchem de estranheza, aceitam o pão e comem-no.

Jesus - TOMAI TODOS E BEBEI. ESTE É O CÁLICE DO MEU SANGUE. O SANGUE DA NOVA E ETERNA ALIANÇA QUE SERÁ DERRAMADO POR VÓS E POR TODOS. FAZEI SEMPRE ISTO EM MEMÓRIA DE MIM. REPITO: FAZEI SEMPRE ISTO EM MEMÓRIA DE MIM.  Pausa

Jesus – Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá (todos ficam perturbados, começam a falar entre si).

Tiago - Acaso sou eu Mestre?

Pedro - Serei eu o traidor? (Pedro faz um sinal para João)

João - Quem é Senhor?

Jesus - É aquele que meter a mão comigo no prato e molhar o seu pão (Jesus olha fixamente para Judas e fazem o gesto juntos). Assim esta escrito.

Judas - Acaso sou eu Mestre? Desconfiado.

Jesus - Tu o disseste! O que pretendes fazer faça-o depressa Judas. (Judas sai). Chegou a hora em que o Filho do Homem será glorificado por Deus e que a glória de Deus é revelada por meio dele. Tudo esta escrito.

Jesus - Filhos, ainda estarei um pouco convosco.... Para onde vou, vós não podeis ir...

Pedro - Para onde vai, Senhor?

Jesus - Para onde Eu vou não pode tu seguir-Me por agora; seguir-Me-ás depois.

Pedro - Porque não posso seguir-Te agora? Por Ti darei a minha vida.

Jesus – Pedro... Tu me amas?

Pedro – Claro que sim, mestre! Mas porque me perguntas?

Jesus – Tem certeza que me amas realmente?

Pedro – Há duvidas do meu amor por ti, mestre?

Jesus – Em verdade vos digo! Que nesta mesma noite! Antes que o galo cante... Tu me negaras três vezes!

Pedro – Não senhor! Ainda que me sejas necessário morrer contigo... De nenhum modo te negarei... Musica sobe e Jesus cristo olha atentamente para Pedro. Após vai baixando a musica e Jesus diz:

Jesus - Não se turve o vosso coração. Credes em Deus, crede em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, teria eu dito, pois vou preparar-vos um lugar. E quando Eu tiver ido e vos tiver preparado um lugar, virei outra vez, e levar-vos-ei comigo, para que, onde Eu estiver, estejais vós também. E vós sabeis para onde vou e conheceis o caminho.

Tomé - Senhor, não sabemos para onde vais, como podemos saber o caminho?

Jesus - Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim.

Filipe - Senhor mostra-nos o Pai... E isso nos basta...

Jesus - Estou há tanto tempo convosco, e ainda não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como é que tu dizes: mostra-nos o Pai? Não acreditas que Eu estou no Pai, e o Pai em Mim? Filipe não responde e baixa os olhos. Se Me amardes, guardareis o Meu Mandamento. E o Meu Mandamento é este: AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI. Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda, esse é que Me ama, e aquele que Me ama será amado por Meu Pai, e Eu amarei e manifestar-me a ele.

Judas Tadeu - Senhor, como é que tu vais manifestar-te?

Jesus - Se alguém Me ama, guardará a Minha Palavra; Meu Pai amá-lo-á e viveremos nele e faremos nele a nossa morada. Pausa. Como o Pai me amou, também Eu vos amei: Pausa. Digo-vos isto para que a Minha alegria esteja em vós. O Meu mandamento é este: AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos se fizerdes o que vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor; chamo-vos amigos porque tudo quanto ouvi do Pai vos fiz conhecer. Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi e vos nomeei para irdes e dardes fruto, e o vosso fruto permanecer, de sorte que tudo quanto em Meu nome pedirdes ao Pai, Ele vos concederá. Digo-vos isto estando ainda convosco, mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, Esse vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito. Pausa. Musica sobe e Jesus cristo olha atentamente para Pedro. A luz vai diminuindo...


CENA 04 - JESUS NO HORTO DAS OLIVEIRAS


Narrador - Tendo dito isto, Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da corrente do Cedron, onde havia um horto, no qual Ele entrou com os discípulos para descansar.

Jesus - (diz aos discípulos) Sentai-vos aqui. Pausa. Pedro, Tiago e João venham comigo. Pausa. Orai para não cairdes em tentação. Jesus afasta-se, ajoelha-se e reza.

Jesus - Pai Chegou a hora. Glorifica o Teu Filho para que o Teu Filho glorifique a Ti. Glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que Me deste a fazer. Agora me glorifica Tu, ó Pai, junto de Ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse. Manifestei o teu nome aos homens que, do mundo, Me deste. Eram teus, e Tu me deste. Eu rogo-Te por eles; não pelo mundo, mas por aqueles que Me deste, porque são teus. E tudo o que é Meu é Teu e tudo o que é Teu é Meu. Pausa

Pai Santo guarda em Teu nome aqueles que Me deste, para que sejam um, assim como Eu e Tu somos um. Dei-lhes a Tua Palavra, e o mundo aborrece-os porque não são do mundo. Eles não são do mundo, como Eu não sou do mundo. Santifica-os na verdade. Pausa

Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela Tua Palavra, hão-de crer em Mim, para que todos sejam um. Como Tu Ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti, que também eles estejam em nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste. Pausa

Pai Santo se é possível afasta de Mim este cálice. Contudo não se faça a minha, mas a tua vontade o pai. (Jesus levanta-se e dirige-se aos discípulos)

Jesus - Porque dormis? Levantai-vos e orai para não cairdes em tentação! Meus amigos o espirito está pronto, mas a carne é fraca. Entra Judas, os soldados, os fariseus. Eis que se aproxima o traidor. Pausa

Judas – Salve Jesus filho de Davi! (o beija na face)

Jesus - Judas é com um beijo que tu entregas o filho do homem? A quem buscais?

Soldados - (Em tom autoritário) - A Jesus, o Nazareno.

 Jesus - Sou eu. Os soldados recuam.

Jesus - A quem buscais?

Soldados - A Jesus, o Nazareno.

Jesus - Já vos disse: Sou Eu. Os soldados predem Jesus e Pedro fere um dos soldados na orelha com a espada.

Pedro – Irritado. Soltem o mestre, seus vermes.

Jesus – Guarde a espada, Pedro! Quem usar da espada para ferir é pela espada que será ferido! Esta é a hora do poder das trevas se é a mim que procuram, então deixai partir estes. Levam Jesus para o pátio do Templo dos Sacerdotes, próximo do templo há uma fogueira à esquerda, Pedro, a criada, e mais alguns do povo aquece-se em volta da fogueira, em circulo.


CENA 05 – DA FOGUEIRA NO PÁTIO DO TEMPLO

Narrador - Entretanto, Simão Pedro, com outro discípulo, seguia Jesus. Este discípulo era conhecido do sumo Sacerdote e entrou com Jesus no pátio.

Criada de Caifás - (que traz vinho) Ei... Não é Tu um dos discípulos desse homem?

Pedro – Com muito medo. Mulher, eu não conheço este. Não, eu não sou.

Homem da Fogueira I - (que está a aquecer-se com Pedro) Não queira disfarçar, é discípulo de Jesus sim. Até o seu sotaque é Galileu.

Pedro - Não vocês estão enganados, não sou nada. Por certo me confundiram com alguém... eu não estava com ele.

Homem da Fogueira II - (aproximando-se de Pedro) De fato! Este aqui também estava com o tal Jesus! Também é um dos seus discípulos!

Pedro – mas eu não sei o que estás falando, eu já disse:

Homem da Fogueira II - (o mesmo) Mas eu vi-te no horto com Ele.

Pedro - É impossível, não conheço este homem. O galo canta.

Jesus – Pedro se lembra do que Jesus havia dito “Antes que o galo cante... Tu me negaras três vezes...”. Cruzam-se os olhares de Pedro e Jesus. Pedro, pondo as mãos na cabeça, afasta-se e chora amargamente.


CENA 06 - JESUS NO TEMPLO DOS SACERDOTES

No templo ao centro o Sumo Sacerdote, movimentando-se e os outros sacerdotes parados, apenas dando um passo quando intervêm.

Anás – Estamos correndo um grande risco, vocês sabem o que esse tal Jesus o Galileu vem fazendo?

Caifás – O perigo ronda as nossas cabeças... É, temos de usar nossa influência para acabar com este agitador.

Gamaliél – Precisamos encontrar um meio para acabar com ele, mas tem que ser dentro da Lei, com julgamento e tudo.

Caifás – É ele esta se tornando perigoso... Muita gente já está o seguindo... (entram os fariseus no templo)

Fariseu I – Com licença eminência, temos sérias denuncias a fazer!

Caifás – Entrem, acalmem se! O que vos traz aqui?

Fariseu II – Há dois dias que ouvimos a pregação de Jesus! E ele esta dizendo coisas absurdas sobre a nossa Lei, esta dizendo que vai colocar fogo no mundo, disse que não veio trazer a paz, mas a espada! Disse também que vai dividir o homem, será pai contra filho e filho contra pai.

Fariseu III – E tem mais, disse que o reino de deus é dos pobres, ele não respeita o sábado quando não se pode fazer absolutamente nada.

Fariseu I – Sabe o que disse aos ricos? Que é mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha, do que um rico entrar no céu.

Caifás – (furioso) Mas é um absurdo isso! Nossa riqueza é dádiva de deus! Os pobres são pobres, porque são pecadores.

Fariseu II – Até com uma samaritana ele conversou, eminência! Sem contar que algumas prostitutas também o acompanhavam. Ele esta lá fora no pátio do templo, foi preso pela guarda romana a nosso pedido.

Anás – Realmente precisamos acabar com ele. Para não corremos o risco de sermos tirados de nossos tronos. Soube que foi Judas, um de seus discípulos que o entregou, por trinta moedas de prata. (risos)

Caifás – Soldados tragam até mim este tal Jesus. Pausa.

Narrador - Levaram então Jesus ao Sumo Sacerdote, e todos os chefes dos sacerdotes, os anciãos e os fariseus estavam reunidos.

Caifás – (Andando de um lado para o outro) Qual é a Tua doutrina? Tu és o Cristo, o filho de Deus?

Jesus – Tu o dizes. Falei abertamente ao Mundo; sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos se reúnem, e nada disse em segredo. Porque Me interrogas? Pergunta aos que ouviram aquilo que lhes ensinei. Bem sabes o que lhes disse.

Homem da Guarda - É assim que respondes ao Sumo Sacerdote? (da um tapão no rosto de Jesus, ele cai meio de joelho).

Jesus - Se falei mal, diz-Me em quê; e se falei bem, porque me bates?

Caifás – Temos algumas testemunhas que afirmam ter te ouvido dizer heresias.

Fariseu I - É verdade. Ouvimos-Te dizer que as mulheres de má vida, os pobres, os que não cumprem a lei, seriam os primeiros a entrar no reino de Deus.

Fariseu II - Também te ouvi chamar raça de víboras e hipócritas a nós, os fariseus.

Caifás – É verdade tudo isto de que Te acusam? Jesus não responde. O Sumo Sacerdote desloca-se impaciente.

Fariseu III - Mas há mais. Vi-te frequentar a casa de pecadores públicos. Sei que não obedeces aos ritos de purificação. E ensinas também que para Deus, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.

Gamaliél - Mas o mais grave: eu mesmo Te ouvi dizer: "Eu destruirei este Templo feito por mãos humanas e, depois de três dias, edificarei outro, não feito por mãos humanas".

Caifás – Não respondes? O que testemunham estes contra ti? (em tom jocoso) É Tu o Messias, o Filho de Deus?

Jesus - Eu sou. O Filho do Homem estará sentado à direta do Pai.

Caifás – (rasgando as vestes) Blasfêmia... Que necessidade temos ainda de testemunhas?

Anás – Ele blasfemou. Que sejas crucificado.

CENA 07 - JESUS DIANTE DE PILATOS

Jesus ao centro, algemado e rodeado por soldados romanos, devidamente perfilados. Pilatos estava dando uma festa, guando os sacerdotes adentram com Jesus. Pilatos bate palmas e pede silêncio.  Percorre toda a parte diante da sala, andando de lado para lado, aproximando-se e afastando-se de Jesus. Defronte ao palácio a multidão. Jesus perante Pilatos. Há bastante confusão

Pilatos – Parem a festa... Parem a festa... (silêncio total) Que algazarra é esta? O que estão fazendo aqui no meu palácio? O que querem?

Anãs – Oh! Grande Pilatos! Sabemos que não é o momento! Mas é que temos noticias ameaçadoras para a Judéia! Este homem aqui é malfeitor e por isso o entregamos a ti. Pegamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo, dizendo e incitando o povo a não pagar impostos ao imperador. Ele também disse que é o Messias, um novo Rei.

Pilatos – Julgueis vós mesmos.

Sacerdote – Não podemos não nos é permitido matar ninguém.

Mulher de Pilatos – Pilatos, não julgue este homem. Já tenho escutado falar dele e sei que é um homem justo.

Pilatos – Tu és fraca mulher. Pois foi o seu próprio povo quem o condenou! Por que o defendes tanto?

Mulher de Pilatos – Eu tive um sonho lindo! E no meu sonho, este homem estava rodeado de anjos e muita luz! É um Rei realmente.

Pilatos – Que fizeste? Até então não compreendo o motivo de teu próprio povo te entregardes a mim. Por acaso, tu é o Rei dos Judeus?

Jesus - Tu o dizes. O meu reino não é deste mundo. Se ele fosse deste mundo, os meus seguidores lutariam para eu não ser entregue aos judeus. Não, o meu reino não é deste mundo.

Pilatos – Então tu és mesmo o Rei!

Jesus - Sim, eu sou Rei. Foi para anunciar a verdade que eu vim ao mundo. Quem é da verdade ouve a minha palavra.

Pilatos – Não vejo nenhum motivo para condenar este homem.

Sacerdote - Ele está causando desordem entre o povo de toda a Judéia. Começou na Galiléia e agora chegou aqui.

Pilatos - Se este homem é da Galiléia, Herodes deve julgá-lo. Soldados levem-no até Herodes.



CENA 08 - JESUS DIANTE DE HERÓDES

Herodes - (cheio de satisfação) Finalmente terei oportunidade de ver este homem. Faz muito tempo que tenho vontade de vê-lo, fazer um espetáculo com um dos seus milagres. Agora, vou prová-lo:


*       Herodes - Ei, faça algum milagre para eu também crer em ti! (Jesus calado).


*       Herodes - Quem é você? (Jesus calado).


*       Herodes - Você tem poder? (Jesus calado).  


*       Herodes - Pode fazer milagres? (Jesus calado).


*       Herodes - Conheceu João Batista? (Jesus calado).


*       Herodes - Você é filho de Deus? (Jesus calado).


*       Herodes - Você não responde! (Jesus calado).


*       Herodes - Soldados ponham nele uma capa de luxo e mandem o de volta para Pilatos.
Pausa Longa.

CENA 09 - JESUS DIANTE DE PILATOS


Pilatos - Aproximem-se os líderes... Vocês me trouxeram este homem, e disseram que estava fazendo subversão, disseram que é um agitador. Pois eu já lhe interroguei diante de todos e não encontrei nele nenhuma culpa disso de que vocês o acusam. Herodes também não encontrou nada contra ele, e por isso o mandou de volta para nós. Assim, é claro que este homem não fez nada que mereça a pena de morte. Vou mandar castigá-lo com chicotadas e o soltarei.

Grupo - Se soltas a este, não és amigo de César. “Crucifica-o... Crucifica-o... Crucifica-o...”

Pilatos - Como é o costume do vosso povo, devo soltar um prisioneiro por ocasião da festa. Soldados tragam-me Barrabás. Pausa. Aqui tendes Jesus e Barrabás! A quem quereis que eu vos solte?

Sacerdote - Solta-nos Barrabás! (todos) Barrabás!...

Pilatos - Mas Barrabás é um criminoso; um assassino. E este Jesus, nenhum mal fez! O que farei com ele?

Sacerdote - Crucifica-o! Crucifica-o! Crucifica-o! Crucifica-o!

Pilatos - Mas que crime fez ele? Não vejo nele nada que mereça a pena de morte! Vou mandar castigá-lo com chicotadas e depois o soltarei.

Multidão - Nada disso! Crucifica-o! Crucifica-o! Crucifica-o! Crucifica-o!

Pilatos - Soldados! Soltem a Barrabás. Pausa. Peguem Jesus e o castiguem bastante; talvez assim o povo tenha pena dele e o deixe ir em paz. Os soldados batem em Jesus. Pausa longa. Soldados tragam Jesus aqui... Pausa. Eis ai este... Pobre homem... Desfigurado...

Narrador – Jesus carrega a sua cruz. (1º Estação)

Multidão - Este sofrimento não basta! Queremos vê-lo crucificado! Crucifica-o!

Pilatos - (Lava as mãos) Serviçal traga-me um bacia com agua para eu lavar minhas mãos... Pausa. Bom, estou inocente deste sangue; Tomai-o vós mesmos e crucificai-o. Eu não encontro nele culpa alguma!

Centurião Romano I – Ele disse que era filho de deus!

Centurião Romano II – Mande teu deus te libertar oh filho do altíssimo!

Centurião Romano III – Disse até que é rei dos judeus... (deboche) Jesus... O rei dos Judeus! Vamos rei... Dê as ordens! Afinal de contas somos seus servos!

Centurião Romano I – Ora, Ora! Um rei sem coroa não é rei... Que tal pegarmos uma coroa para homenagearmos o grande rei! Pausa. Jesus de Nazaré! Rei dos Judeus... Ele está coroado...

Centurião Romano II – Não devemos esquecer-nos do cetro e do manto... Afinal... Um rei sem cetro e sem manto não é rei! Pausa. Agora sim... Pronto... Ele esta como uma majestade.


CENA 10 – O CAMINHO PARA O CALVÁRIO

Narrador – Jesus carrega a sua cruz. (2º Estação)

Centurião Romano III – Tome esta cruz... E ande homem... Saia da frente... Abra caminho... Jesus carrega sua cruz pelas ruas de Jerusalém, a multidão dificulta a sua passagem. Maria em prantos tenta se aproximar de seu filho, amparada por João... Os guardas caçoam de Jesus durante todo o percurso do calvário... Muita zombaria e gargalhadas.

Narrador – Jesus cai pela primeira vez. (3º Estação)

Narrador – Jesus encontra sua mãe. (4º Estação)

Narrador – Maria Santíssima chorou a dor de seu Filho.

Maria Mãe de Jesus – Meu filho! Querem matar o meu filho...

Maria Madalena – Também tenta se aproximar e diz: Deixe me passar... Deixe me passar... Jesus... Jesus... Chorando. Porque fizeram isto? Ele é o filho de Deus!

Soldado – Afastam se... Afastam se mulher!

Soldado – Mostre que tu és o Rei dos Judeus! Vamos!

Narrador – Simão Cirineu ajuda Jesus. (5º Estação)

Soldado – Ei, você. Aproxime-se. Ajude este infeliz a carregar a cruz. Qual seu nome?

Cireneu – Me chamo Simão. Sou de Cirene.

Narrador – Verônica enxuga o rosto de Jesus. (6º Estação)

Narrador – Seguia Jesus numerosa multidão de povo. Do meio da multidão, uma mulher chamada Verônica. Aproximou-se de Jesus, retirou o véu de sua cabeça e limpa o rosto de Jesus. É afastado pelos soldados, ao ser retirada chora e mostra o pano com a face de Jesus.

Narrador – Jesus cai pela segunda vez. (7º Estação)

Narrador – Jesus consola as mulheres. (8º Estação)

Narrador – No caminho do calvário, estavam lá mulheres que o seguiam desde a Galileia. E Jesus disse:

Jesus – Mulheres de Jerusalém, não chorem por mim, mas chorem por vos mesmas e por seus filhos.

Narrador – Jesus cai pela terceira vez. (9º Estação)

Narrador – Por que tantas desigualdades? Por que tanta miséria? Precisamos estender as mãos a todas as pessoas que buscam o necessário para viver dignamente e, juntos, caminhar com os que trabalham sem ganhar o necessário, com os enfermos que não conseguem remédios e cuidados, os desempregados, os famintos. No vosso rosto, Senhor, contemplamos o rosto desfigurado dos oprimidos. Ajudai-nos, Senhor, a vencer os preconceitos e a discriminação. Ajudai-nos, Senhor, a ter misericórdia e compaixão com os que esperam consolo e acolhida.

CENA 11 – CALVÁRIO

Narrador – Jesus é despido de suas vestes. (10º Estação)

No Calvário, Os soldados rasgam as vestes de Jesus e repartem as; enquanto se prepara a crucifixão, ouvem-se marteladas cadenciadas. Jesus é crucificado; o povo e líderes se alegram... Gritam... Os amigos choram e Jesus fala.

Narrador – Jesus é pregado na cruz. (11º Estação)

Jesus - Pai perdoe-lhes: eles não sabem o que fazem!

Ladrão Mau – Tu não és o cristo? Salve-te a ti mesmo e a nós também.

Ladrão Bom – Nem sequer temes a deus, tu que sofres a mesma condenação? Para nós é justo. Por que estamos recebendo o que merecemos, mas ele não fez nada de mal.

Jesus – Em verdade te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso.

Multidão - (02 pessoas do povo) Salvou os outros, salve-te a ti mesmo, se é o Cristo, o filho de Deus, o escolhido!

Jesus – Maria, minha mãe, eis o teu filho... João, meu discípulo, eis a tua mãe...

Jesus - Tenho sede. (O soldado atira com uma esponja embebida ao rosto de Jesus)
Dei-te de beber água saída do rochedo e tu dás-me a beber fel e vinagre...

Centurião Romano I – Não é o grande rei? Onde esta teu pai?

Centurião Romano II – Desce da cruz oh rei dos judeus! Rei dos reis!

Centurião Romano III – Olhem o rei...

Soldado - Se és o Rei dos Judeus, salva-te a ti mesmo .

Jesus - Povo meu, que te fiz Eu?
            Que mal te causei?
            Ah, Povo meu, não Me dirás?

Jesus - Meu Deus, Meu Deus,
            Porque Me abandonaste?

Jesus - Pai, nas tuas mãos entrego o Meu espírito....
            
Jesus - Tudo está consumado...  

Narrador – Jesus morre na cruz. (12º Estação)

Narrador – E inclinando a cabeça para frente morreu. Houve trevas por toda a Terra, escurecendo-se o sol. A Terra tremeu, muitos túmulos se abriram dos quais ressuscitaram os corpos dos justos, e o véu do templo rasgou-se ao meio. Ao ver tudo isso um centurião exclamou:

Centurião – Esse homem era mesmo o filho de Deus!

Narrador – Jesus é decido da cruz. (13º Estação)

Narrador – Logo seria Páscoa e Pilatos não queria ver ninguém crucificado na comemoração. Por isso mandou quebrar as pernas dos condenados para acelerar a morte. Chegando ao Gólgota os soldados viram que os dois ladrões ainda estavam vivos. Por isso quebraram-lhes as pernas com uma barra de ferro. Quando chegaram a Jesus viram que ele já estava morto. E assim se cumpria o que estava escrito: “Nenhum osso de seu corpo será quebrado”. Para Ter certeza da morte de Jesus um centurião enfiou uma lança na altura de Seu coração. E então mais sangue jorrou do corpo de Jesus. Jesus foi retirado da cruz por José de Arimatéia com a ajuda de alguns discípulos e das Santas Mulheres. Ao ver o corpo do filho profanado e injuriado Maria chorou amargamente. Pausa para a cena de Maria com Jesus morto nos braços.

Narrador – Jesus é sepultado. (14º Estação)

Narrador – José de Arimatéia possuía um túmulo novo, encravado na rocha, perto do Calvário. E foi nele que colocaram o corpo de Jesus. Pausa para a cena de sepultamento de Jesus. O corpo é tirado da cruz e colocado no túmulo e fechado com o selo de Pilatos; os soldados se colocam ao lado dele e o anjo se prepara para remover a pedra...

CENA 12 - RESSURREIÇÂO DE JESUS

Narrador – No dia seguinte os sacerdotes judeus foram pedir a Pilatos que colocasse guardas a frente do túmulo de Jesus. Eles temiam que os discípulos tirassem o corpo de Jesus do sepulcro e dissessem que Jesus havia ressuscitado. Assim Pilatos enviou três guardas para vigiarem o túmulo. Pausa para a entrada dos 03 guardas. Eis que um anjo do Senhor apareceu e removeu a pedra do sepulcro causando um grande terremoto. Pausa para a entrada do anjo, e este move a pedra da entrada do sepulcro / Sonoplastia. Os soldados ficaram muito assustados e sairam correndo do local.

Maria Madalena - Já é domingo. Vamos até o túmulo, prestar a última homenagem ao nosso querido Mestre. Vamos embalsamar seu corpo... Quem será que vai nos ajudar a remover a pedra que fecha o túmulo? (enquanto ela fala, ouve-se um barulho de pedra rolando ou arrastando, é o anjo removendo a pedra e as mulheres se espantam).

Anjo - (as mulheres olham para dentro do túmulo que tem apenas lençóis) Não vos assusteis. Sei que buscais a Jesus; porque buscais entre os mortos o que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou. (mulheres vão embora. Maria fica).

Maria Madalena - (chorando) Agora, nem o corpo dele está aqui; onde o puseram?

Narrador – Jesus ressucita. (15º Estação)

Jesus - Mulher, porque choras? A quem procuras?

Maria Madalena - Se tu o tiraste, dize-me, onde o puseste?

Jesus - Maria! Sou eu...

Maria Madalena - Mestre! Se ajoelha e o adora; levanta e diz para o público.

Maria Madalena - Cristo vive! Ele ressuscitou! Ele é o nosso salvador!





PAIXÃO MORTE E RESSUREIÇÃO DE JESUS CRISTO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

PEÇA DE TEATRO: EDITADA

ORIGEM DO TEXTO: EVANGELHOS DA BÍBLIA SAGRADA

PESQUISADOR E EDITOR: LUCIANO OLIVEIRA DE SOUZA

RELIGIOSO RESPONSÁVEL: PADRE JOSÉ RODOLFO JENISCH

AVALIAÇÃO E APOIO: MARIA HELENA BATISTA VILARINHO & ROBERTO CARLOS IOPP



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